“Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?”
Eurodeputado do PPE eleito pelas listas do PSD de Portugal Mário David
Também eu senhor deputado. Também eu tenho vergonha de o ter a si como excelentíssimo e digníssimo representante de um conjunto de portugueses no parlamento europeu, que mais ainda merece reverência da nossa humilde parte uma vez que não só foi eleito entre os portugueses como também pelos demais povos da união, através dos subsistemas da democracia europeia, chegando mesmo a vice-presidente PPE. É isso mesmo, não me envergonha que seja vossa excelência português, até porque não é lá grande elogio que se faça a uma pessoa nesta altura do campeonato. O problema reside na sua digníssima missão política. Doravante, qualquer português que diga que um livro de Bocage é um manual de perversão sexual e moral, terá de ter o mesmo tratamento que Saramago teve da sua excelentíssima parte: fogueira com o cartão do cidadão que se atreveu a proferir imbecilidades e impropérios ao questionar a versão oficial, regimentar e escolar do livro. A sua fulgurante carreira política tem agora uma pequena impossibilidade: jamais vossa excelência poderá ocupar o cargo de ministro da administração interna de um governo de Portugal. É que não será difícil de imaginar o belo resultado de uma passagem de vossa excelência pelo ministério da administração interna, cargo que, para bem da sobrevivência da nação portuguesa estará vossa excelência vedado a exercer a partir de agora.
É exactamente aqui que reside o problema: o sr. deputado tem responsabilidades políticas, o escritor Saramago tem responsabilidades artísticas.
Não se lhe pedia que conhecesse a fundo a historia dos políticos que queimaram, atrocidaram, condenaram ou excomungaram livros e seus autores por verem na expressão artística uma ameaça ao exercício da política. Mas é revelador que o sr. deputado queira ficar na prateleira da história onde jaz Sousa Lara.
Para terminar com bom-humor, e porque o sr. deputado Mário fez questão de esclarecer que é cristão não-praticante, espero que essa sua aos-meus-olhos-lamentável-e-incompreensível indefinição religiosa de ser um cristão que não pratica cristo, não se estenda à sua vida profissional e que seja o senhor deputado um deputado não praticante, um vice-presidente do PPE não praticante, um social-democrata não praticante e por aí adiante.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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1 comentário:
Bravo!!!
É isso mesmo! Acho mesmo que este texto devia ir parar a um orgão de comunicação não mais digno, porque dignidade não falta neste espaço de opinião independente e descomprometida, mas mais... "vistoso"!!! :D
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