O Mestre saramago anuncia hoje a qualidade do teor do próximo romance. Lembro-me de quando saiu o evangelho ter tido grandes discussões com um professor (agora candidato cimeiro a uma assembleia municipal) que se revoltou contra o conteúdo do livro. Dessas conversas lembro-me de um final recorrente: não leu?! então vá ler e depois falamos. Claro está que eu era o defensor fervoroso da liberdade artistica e o meu interlocutor o defensor fervoroso da obtusa convicção religiosa. O evangelho teve uma grande importância para a minha geração funcionando como o "another brick in the wall" nos 80's: para quebrar barreiras morais dos novos, desejosos de experiências limite, contra os velhos que julgam já não ter tempo nem obrigação de questionar e mudar em consequência. Espero que seja agora a vez da pequenada. Outra vez.
"Alguns dirão que isto são águas passadas [as polémicas do evangelho]. No entanto, como, neste particular, o meu próximo romance (desta vez não lhe chamarei conto) não será menos conflitivo, bem pelo contrário, achei que talvez valesse a pena pôr o penso antes da ferida. Não para me proteger (questão que nunca me preocupou), mas porque, como é costume dizer-se nestas paragens, quem avisa não é traidor."
Jose Saramago in DN
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