quarta-feira, 8 de julho de 2009

Razão ou instinto?

O post abaixo publicado pelo meu caro amigo, não me deixa indiferente.

Para enquadrar os nossos milhares de leitores, deixo uma breve nota explicativa de onde começou esta discussão.
Tudo começou numa noite turva de maduro tinto, em que começamos a discutir acerca do que nos distingue (Homem) dos restantes animais.
Na minha opinião, a diferença prende-se claramente com inteligência do Homem. Por outro lado, o animal age por instinto ainda que esse instinto tenha vindo a ser desenvolvido ao longo de milénios.

Perante esta minha ideia, o meu caro amigo começou a confrontar-me com exemplos que se encontram na natureza de animais que possuem ou demonstram ter caracteristicas normalmente atribuidas aos humanos.

Mostrou-me concretamente o caso do chipanzé "anticristo" que recolhia pedras durante o dia para as atirar aos visitantes, e agora o caso da aranha escultora.

Segundo este caro amigo (e corrige-me se estiver errado), a diferença de capacidade de raciocício entre um animal irracional (peço desculpa pela incoerência, mas tem mesmo que ser assim...façam um esforço) e o homem é uma questão de escala.

A diferença entre um copo de água e um oceano também é uma questão de escala.

A potência da bomba atómica é geralmente referida relativamente à potencia do TNT. O último teste nuclear feito na Russia foi com uma bomba de 50000000 toneladas de TNT. Também isto é escala!

Gostaria que me fosse mostrada uma notícia onde se relatasse a descoberta de um biblioteca dentro da uma gruta de ursos, ou do primeiro telescópio construido por babuinos...até me contentaria com a descoberta de algum código semehante à escrita utilizado pelos animais ditos irracionais.

O que é certo é que o homem contruiu lanças para se defender dos leões e neste milénios todos nunca se falou de um leão que usou um escudo para se defender!

Quanto à questão de que os animais pensam por instinto... bem, penso que há aqui uma incoerência semântica. O pensamento e o instinto são opostos.

2 comentários:

MR disse...

Antes de mais, quero dizer que foi necessário recorrer ao mais profundo dos temas e meter cunhas, para que viesses ao nosso encontro. Objectivo cumprido e valeu o esforço. Vamos lá então:
"Gostaria que me fosse mostrada uma notícia onde se relatasse a descoberta de um biblioteca dentro da uma gruta de ursos, ou do primeiro telescópio construido por babuinos..."
Foi exactamente isso que eu te acabei de mostrar! Uma aranha que sabe de probabilidades! É óbvio que não podemos esperar uma biblioteca numa caverna de ursos por uma simples razão (e apelo ao entendimento metafórico do que se segue): Os ursos vêm mal, pelo que não necessitam de livros para nada.(o entorno é que vai seleccionando as características, pelo que seria absolutamente improvável um urso ter alguma vantagem em ter uma biblioteca e o urso que tivesse a biblioteca era vencido na luta pela sobrevivência por um urso que gastasse o mesmo tempo a alimentar-se).
Mas tenho que me repetir: queres um telescópio feito pelo babuíno, aí o tens: uma aranha que sabe de probabilidades, e que conseguiu chegar a um modo de as utilizar a seu favor através de ARTifícios.
Se o homem é a espécie dominante na terra, é porque tem uma característica mais "evoluída" do que os demais. Ou se volta ao criacionismo, ou se olha à nossa volta, se olha para a historia da natureza, e se reconhece que NADA nessa gigante história indicia o surgimento de algo NOVO, que "nada se cria", que "tudo se transforma" pelo que é incauto querer ver-se rupturas num sistema que é feito de evoluções (daí a escala). Repito-me mais uma vez que isto aplica-se se não partirmos da possibilidade criacionista, que à falta evidente de provas de que tenha ocorrido, mantenho-a à distância como mantenho muitas outras hipóteses, mais ou menos disparatadas. A analise da tal história natural não se inclui nessas hipóteses, desde logo porque obedece ao método científico.

MR disse...

Para acabar, e porque me esqueci de rebater o teu último argumento, sim há uma incoerência semântica. Na mesma medida em que o havia na concepção de casamento entre brancos e pretos (chamem-lhe outra coisa) ou mais recentemente entre homossexuais (chamem-lhe outra coisa). Exactamente na mesma medida. Parece-me uma questão sem grande valor.
Permite-me mais uma adenda para reflectir sobre as lanças e os leões (não direi nada que já não tenha dito acima). É verdade que os homens fizeram lanças e os leões não fizeram escudos. Mas as aranhas fizeram HOLOGRAMAS para poder retirar proveito de um conceito tão humano-do-teu-ponto-de-vista como é o das PROBABILIDADES. E o burro é o leão?!