sexta-feira, 29 de maio de 2009

Benicio del Toro

"Benicio del Toro recusa filmagens com folhas de coca", "O actor teve receio de ser associado ao consumo de cocaína ao filmar a cena".
In IOL Portugal Diário

Compreende-se. Depois de "Fear and Loathing in Las Vegas", uma cena com folhas de coca podia pôr o mundo a pensar que o Benicio é um grande drogado.

Graciano Saga - Vem Devagar Emigrante

É, para mim, a melhor perola da música portuguesa. O drama, o horror, o diz-que-disse, a pátria e a morte.

O Desencanto Segundo Saramago

"Todos os dias desaparecem espécies animais e vegetais, idiomas, ofícios. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Cada dia há uma minoria que sabe mais e uma minoria que sabe menos. A ignorância expande-se de forma aterradora. Temos um gravíssimo problema na redistribuição da riqueza. A exploração chegou a requintes diabólicos. As multinacionais dominam o mundo. Não sei se são as sombras ou as imagens que nos ocultam a realidade. Podemos discutir sobre o tema infinitamente, o certo é que perdemos capacidade crítica para analisar o que se passa no mundo. Daí que pareça que estamos encerrados na caverna de Platão. Abandonamos a nossa responsabilidade de pensar, de actuar. Convertemo-nos em seres inertes sem a capacidade de indignação, de inconformismo e de protesto que nos caracterizou durante muitos anos. Estamos a chegar ao fim de uma civilização e não gosto da que se anuncia. O neo-liberalismo, em minha opinião, é um novo totalitarismo disfarçado de democracia, da qual não mantém mais que as aparências. O centro comercial é o símbolo desse novo mundo. Mas há outro pequeno mundo que desaparece, o das pequenas indústrias e do artesanato. Está claro que tudo tem de morrer, mas há gente que, enquanto vive, tem a construir a sua própria felicidade, e esses são eliminados. Perdem a batalha pela sobrevivência, não suportaram viver segundo as regras do sistema. Vão-se como vencidos, mas com a dignidade intacta, simplesmente dizendo que se retiram porque não querem este mundo."

José Saramago in DN de 29 de Maio de 2009

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Quando se pensa que está tudo inventado...

Ibéria Cristã

Até por motivos funcionais, a discussão religiosa não é muito diferente por toda a Ibéria. Talvez um pouco mais radical no lado Este. Hoje no topo do El País on-line pode se ficar a saber que:
"El cardenal pide perdón por los abusos a menores en escuelas católicas irlandesas pero las compara con 'los millones de vidas destruidas' por el aborto" com o título "Cañizares considera el abuso sexual nenos grave que el aborto" e que "El arzobispado de Madrid dice que 'al desligar sexo y matrimonio' 'deja de tener sentido' verlo [a violação] como delito" com o títuo "¿Y despenalizamos la violación?."
As igrejas oferecem um modo e uma filosofia de vida. Começa a ser urgente que as pessoas que partilham essa filosofia se sintam responsáveis por ela, ou pelo menos pela sua perpetuação.

De génio





Alberto João Jardim questionado sobre a sondagem que aponta para um empate técnico entre PSD e PS para as eleições europeias, começou por dizer que não comenta sondagens e que «de empates estou eu farto no Marítimo".

Fonte "http://www.margensdeerro.blogspot.com/"

terça-feira, 26 de maio de 2009

Protesto!

Hoje, este blogger está mudo, à excepção das presentes palavras, em protesto contra a falta de massa critica das sociedades, grandes ou pequenas; países ou blogues.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Viva a preguiça!

"O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, apelou hoje ao voto dos portugueses nas eleições europeias de 7 de Junho, pedindo que "não vão para férias" nem aproveitem os feriados desse período e exerçam o seu direito cívico."
In "O Público on-line"

Disparate pegado. O senhor Presidente, em vez de estar a fazer de paizinho da nação infantil e irresponsável, deveria ter feito de paizinho da assembleia da república infantil e irresponsável (a assembleia e a república) e já devia ter obrigado o governo e os deputados a elaborarem um sistema de voto electrónico (não somos nós os pioneiros das tecnologias?! plano tecnológico e magalhães...). Mas que raio de concepção de democracia é esta, em que os deputados faltam às votações para irem de férias e as pessoas faltam às férias para irem a votos, quando as pessoas podem votar em férias, e os deputados parece que estão de férias quando votam?
Começou assim a encenação que sempre se leva a cabo nestas alturas, para que se encontrem os culpados pela abstenção. Esta tarefa cabe por inerência do cargo ao Presidente da República, que continua a preferir meter a cabeça na areia fazendo de conta que acredita que a abstenção se vai dever à praia e ao sol. A praia e o Sol já o eram muito antes da democracia e da república! E a abstenção é uma mensagem tão clara, como o é o voto no partido X ou o voto em nenhum dos partidos. Devia ser.

À Bastonada

sábado, 23 de maio de 2009

Finalmente, a Ibéria

Aqui um momento histórico na inevitável Península.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Para ouvir até ao fim

Pelo menos "PS: O Poder da Alteração"...



Há tempos andei a fazer um inquérito, sem qualquer tipo de valia científica, em que perguntava às pessoas que me rodeavam qual era o slogan de cartaz político que primeiro lhes vinha à cabeça. A maioria respondia "a força da mudança". A pergunta devia-se a um cartaz de um candidato à Câmara de Famalicão, que me pareceu revelador do deserto de ideias que ocupa as campanhas autárquicas em Portugal: nem para o slogan há ideias.
Hoje abro O Público on-line e eis que Sócrates resolve anunciar o que pensa: "PS: A Força da Mudança"

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Manual de boas práticas públicas

Diz-se que na nobre e grande cidade grega de Éfeso há uma velha lei instituída pelos antepassados, talvez de grande dureza, mas não juridicamente injusta. Quando um arquitecto recebe o encargo de uma obra pública, responsabiliza-se pelo seu preço final. Entregue a estimativa ao magistrado, ficam hipotecados os seus bens, até que a obra esteja concluída. No fim, correspondendo as despesas ao orçamento, o arquitecto é cumulado de louvores públicos e de honras. Se não ultrapassou em mais de um quarto o cálculo inicial da obra, serão os custos suportados pelo erário público e não lhe será aplicada qualquer sanção. Todavia, se tiver gasto mais do que a quarta parte, será obrigado a pagar do seu próprio bolso até perfazer o débito.

In "Vitruvio, Tratado de Arquitectura" Livro X, 1

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Já no Sec. I Antes de Crist[ian]o

Os antigos gregos cumulam de tão grandes honras os gloriosos atletas que venciam em Olímpia, Corinto e Némea que não apenas lhes prestavam louvores com palma e coroa enquanto permaneciam nos jogos, como também, ao regressarem vitoriosos às suas cidades, os levavam triunfantes em quadrigas para dentro dos recintos e para a pátria, sendo-lhes atribuida uma pensão vitalícia suportada pela Estado. Ao dar conta disto, fico surpreendido por não serem atribuídas as mesmas honras, ou até maiores, aos escritores, que prestam imensos serviços à Humanidade através dos tempos. Seria mais que justo que não se reconhecesse apenas que os atletas revigoram os seus corpos através dos exercícios físicos, mas que também os escritores, além de aprofundarem os próprios conhecimentos, aprofundam igualmente os de todos através do ensino dos livros e do despertar dos ânimos.
Que utilidade tem para os homens o facto de Milao de Crotona ter sido invencível nos jogos ou que outros tenham do mesmo modo sido vencedores, a nao ser o de serem famosos entre os seus concidadãos enquanto viveram? Todavia, os ensinamentos de Pitágoras, Demócrito, Platão, Aristóteles e outros sábios produzem frutos sempre frescos e florescentes, com estudo quotidiano e contínua procura, não só pelos seus concidadãos como também por toda a Humanidade. Graças a eles, todos os que desde tenros anos se saciam com esta abundância de doutrinas revelam a maior sensibilidade pelo conhecimento, legislam para os cidadãos regras da Humanidade, direitos iguais e leis sem as quais nenhum Estado pode manter-se incólume.

in "Vitruvio, Tratado de Arquitectura" Livro IX, 1 e 2

terça-feira, 19 de maio de 2009

Adenda ao último post

Entretanto chegaram as tais gravações do big brother e algo mais a acrescentar. Não me espanta, honestamente, o conteúdo da lição da senhora doutora professora de história (espero que seja assim que prefere ser tratada, caso contrário adianto as minhas desculpas). Eu, como a mãe da aluna, também frequentei doze anos do ensino em Portugal e, o nível médio do conhecimento técnico e da cultura geral dos docentes é ridículo. Não é por acaso que Portugal se encontra à deriva, e esta é uma das mais fortes razoes (não a única, claro).
A substância da pergunta, no entanto, mantém-se: como cabem as duas notícias na mesma república?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

¿país, qual país?

Alguém me explica como é que estas duas notícias coexistem na mesma república?

1.Luís Amado defende Lopes da Mota no Eurojust (notícia inteira)
2.Professora de Espinho suspensa por alegada conversa sobre orgias na sala de aula (notícia inteira)

Foram ambos alvo de processos disciplinares e aguardam que se decida das suas culpas. Na escola não pode estar um professor que possivelmente tenha falado de poligamia, no seu termo mais popular, mas no Eurojust pode estar quem tenha possivelmente condicionado a justiça no exercício do cargo que desempenha. Ambos podem reincidir, mas antes um país injusto do que poligâmico!

ÁGUAS QUE CURAM O ALCOOLISMO

E na Arcádia há uma cidade não desconhecida, chamada Clitor, em cujo território há uma água nascendo de uma gruta, ficando abstémios os que dela bebem. Junto desta fonte está inscrito numa pedra um epigrama com uma frase em versos gregos, dizendo que esta água não só é boa para lavar, como também é inimiga das videiras, porque, junto desta fonte, Meleampo, oferecendo sacrifícios, libertou da loucura as filhas de Preto e restituiu as mentes destas virgens à primitiva sanidade. Com efeito, o epigrama que lá está inscrito é o seguinte:

Ó homem do campo, quando a sede te entorpece
ao meio-dia junto dos teus rebanhos,
ao chegares às fronteiras de Clitor
retira a cobertura da minha fonte
e entre as ninfas aquáticas faz suster todo o teu rebanho!
Não deites, todavia, água sobre tua pele,
para que a aura de uma agradável embriaguez
não te atinja quando ela te submergir;
deixa, pois, esta fonte inimiga da vinha,
onde Melampo, depois de ter salvo as Prétides da sua loucura,
submergiu totalmente o secreto instrumento do sacrifício,
ao mesmo tempo qe, a partir de Argos,
elas se dirigiam para os montes da rochosa Arcádia.

in "Vitrúvio, Tratado de Arquitectura" livro VIII, 21

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Um choque cultural por 1,20€

Já que não havia sono para la siesta, fui explanar para uma rambla perto de casa - tipo Av. 25 de Abril em Famalicão, mas com a placa central a servir para alguma coisa, como é obvio (!) – munido de um El País comprado num dos quiosques que a pontuam. Ao cabo da página 2 já me estava a recordar do que disse ao Ruca em terras limianas, depois de um sarrabulho, durante uma discussão sobre a diferença que na altura pensava existir entre a integração na globalidade de Portugal e Espanha: “É mais verdadeiro quem vive em verdade com o seu tempo, e num tempo Global a relação dos media de nuestros hermanos com as suas ex-colónias ou com as esquinas da globalização quando comparada com os nossos, é uma forma eficaz de medir a verdade em que o povo vive.”

Lembro-me na altura de ter dado o exemplo do tratamento dos debates presidenciais americanos (em Espanha passaram em directo, com mesas redondas antes e depois, apesar de ser uma da manha, enquanto a nossa televisão dava uma novela brasileira ou dinheiro a quem acertasse numas palavras cruzadas absurdas) e da frequência que os assuntos da comunidade que fala o castelhano são abordados nos telediarios.

Voltando à página 2 do El País, escreve-se em título: “Chávez lanza su revolución cultural” desenvolvendo-se o tema do novo Plan Revolucionario de Lectura que pretende dar seguimento ao Programa de Alfabetización que reduziu o analfabetismo de maiores de 15 anos de 9% para 6% e que irá pôr a população a ler material ideológico-político, de Bolívar a Simon Rodriguez, de Orlando Araújo a Ludovico Silva e claro de Chavez a Che. Na notícia, louva-se quando é louvável e reprova-se quando é reprovável, como deveria acontecer em qualquer país ocidental.

Na página 3 fala-se da Guatemala, onde o Presidente Colom ao que parece mandou matar el abogado Rosenberg que iria denunciar corrupção na administração Colom, que se recusa a demitir apesar da pressão de que está a ser alvo, principalmente depois desta página 3 ter sido escrita.

Papa no Médio Oriente, Barack Obama em Guantânamo e a nomeação de um hispânico para secretario para a America Latina, Berlusconi e a imigração, Gordon e a pouca vergonha parlamentar, Índia e as eleições e por aí adiante.

À página décima segunda chegamos a Espanha e à bela Sonsoles Zapatero.

Chego à página 32 e dou com um caderno central composto por artigos do New York Times, traduzido, por supuesto. A última parte do jornal trata de assuntos maioritariamente europeus e de cultura nacional e internacional.

Mas será que alguém em Portugal faz puto de ideia sobre o que pensa, de bem e de mal, o Movimento dos Sem Terra no Brasil, sobre a corrupção e os que morrem por ela em Angola, ou o que pensam os intelectuais em Times Square, quando se compra O Público? De Times Square, ou de lá perto, sabe-se do orgulho lusitano de um cão que habita a casa branca; de Angola sabe-se que o Eduardo dos Santos é espectacular e que faz tudo bem (pelo menos enquanto a filha der de comer ao banqueiros e construtores lusos), e do MST sabe-se que partem umas coisas de vez em quando, ou que escreve uns artigos e uns livros.