quarta-feira, 20 de maio de 2009

Já no Sec. I Antes de Crist[ian]o

Os antigos gregos cumulam de tão grandes honras os gloriosos atletas que venciam em Olímpia, Corinto e Némea que não apenas lhes prestavam louvores com palma e coroa enquanto permaneciam nos jogos, como também, ao regressarem vitoriosos às suas cidades, os levavam triunfantes em quadrigas para dentro dos recintos e para a pátria, sendo-lhes atribuida uma pensão vitalícia suportada pela Estado. Ao dar conta disto, fico surpreendido por não serem atribuídas as mesmas honras, ou até maiores, aos escritores, que prestam imensos serviços à Humanidade através dos tempos. Seria mais que justo que não se reconhecesse apenas que os atletas revigoram os seus corpos através dos exercícios físicos, mas que também os escritores, além de aprofundarem os próprios conhecimentos, aprofundam igualmente os de todos através do ensino dos livros e do despertar dos ânimos.
Que utilidade tem para os homens o facto de Milao de Crotona ter sido invencível nos jogos ou que outros tenham do mesmo modo sido vencedores, a nao ser o de serem famosos entre os seus concidadãos enquanto viveram? Todavia, os ensinamentos de Pitágoras, Demócrito, Platão, Aristóteles e outros sábios produzem frutos sempre frescos e florescentes, com estudo quotidiano e contínua procura, não só pelos seus concidadãos como também por toda a Humanidade. Graças a eles, todos os que desde tenros anos se saciam com esta abundância de doutrinas revelam a maior sensibilidade pelo conhecimento, legislam para os cidadãos regras da Humanidade, direitos iguais e leis sem as quais nenhum Estado pode manter-se incólume.

in "Vitruvio, Tratado de Arquitectura" Livro IX, 1 e 2

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